Amor - Machado de Assis, Olha dúvida aí gente! - Cronicas Engraçadas e Textos Engraçados


-... Eu acho que ela traiu sim! Disse o primeiro garoto.
- Não traiu não! Isso é coisa de homem fraco e inseguro. Disse a mulher.
- Eu concordo com ele. O olhar dela ao ver ali, naquele frio e rígido caixão o corpo do homem, aquilo foi mais que um olhar de dor, foi um olhar de profundo desespero. Um olhar de solidão eterna. Um gesto desses, nós que somos mulheres, sabemos que isso uma garota só demonstra quando ela perde um grande amor. Um amor único, um amor eterno... Disse a adolescente concordando com a opinião do primeiro garoto.
- Eu não concordo! Que provas ele tinha para poder falar, com certeza absoluta, que ela o tinha traído. O que ele tinha na verdade eram apenas vagas suspeitas. Coisas da cabeça dele. Essas perturbações foram crescendo por diversos motivos, entre eles os pequenos flagrantes de conversa mais próximas. Penso eu que isso é uma coisa mais que normal entre dois bons amigos, mesmo que os amigos sejam um homem e uma mulher casados. Era só isso e nada mais. O que ele alegava não era motivo sólido o suficiente para ele sair por aí falando que ela o havia traído... Francamente!... Com força e entusiasmo a mulher defendia a todo custo a firme e decidida opinião dela. 
- Devo confessar que eu concordo como o meu amigo ali. Ela o traiu mesmo. E, a meu ver, prova maior do que a semelhança do filho dela como o suposto amante não há. Aquilo que aconteceu ali no velório e no enterro foi a exteriorização do sentimento dela... Esse é um fato interior e verdadeiro, aquele sentimento veio do fundo coração e ele é digno de muito crédito... Disse o segundo garoto concordando com o primeiro.
- Impressionante! Como vocês jovens, inteligentes e globalizados como são, deixam-se se fazer de marionetes, deixam-se ser assim tão manipulados pela mente completamente doentia daquele homem... Marionetes e manipulados não! Enquanto a mulher ainda falava, Interrompeu o primeiro garoto. Como é que a senhora já vai partindo assim para agressão. Onde já se viu uma coisa dessas! Ô tia pega leve né! Tenha modos!..
- Modos! Ora bolas, que modos eu posso ter com pessoas que nem mesmo conseguem perceber o óbvio... Garotos Abram os olhos... Continuava à senhora, com dedos e unhas, a defender agressivamente a sua irredutível posição.
- Tia! Foi à senhora quem veio aqui e pediu a nossa opinião. Nós estávamos numa boa estudando literatura para o Enem quando, a senhora ao ver o livro aqui na mesa, veio puxar conversa. 
Eu falei para a senhora a minha posição e você não a respeitou. Então vamos parar por aqui, porque eu vejo que a nossa concordância é muito parecida com a questão palestina. Portanto, nós vamos devolver esses livros. Pegar as nossas coisas. Tomar um café e depois ir embora. Tchau! Disse o primeiro garoto.
- Espero que vocês não tenham ficado chateados com a titia. Desculpe-me! É que eu não aceito que as pessoas sejam enganadas. Detesto injustiças! Justificou-se a democrática senhora.... 
...Olha! Se vocês quiserem continuar esse bate papo noutro dia podem me procurar aqui na biblioteca. Estou aqui todos os dias das oito às dezessete horas. Menos no domingo. Você e os seus amigos sempre serão bem vindos. Tchau!
- Queira me desculpar tia... Como é mesmo o nome da senhora? Perguntou o primeiro garoto.
- Ah! Que amor! É Capitu meu anjo, mas o pessoal aqui no Centro Cultural me conhece por Pitucha. Tchau! Voltem sempre...
- Ahhh! Agora eu estou entendendo o motivo de tanta agressividade da parte da senhora. Aposto que o seu marido se chama Escobar é ou não é?...Em tom de gozação disse o primeiro garoto.

Edilson Rodrigues Silva

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